PADRÕES CÍCLICOS NA ASTROLOGIA MUNDIAL
A INVASÃO RUSSA NA UCRÂNIA

 

  • Introdução.

Uma das grandes contribuições da Astrologia Mundial é a definição de ciclos nos seus diversos aspectos (sociais, econômicos, políticos etc.). Nela, é necessária a avaliação cíclica dos planetas geracionais, sociais e das lunações (especialmente dos eclipses), além da análise dos trânsitos planetários do mapa da nação em questão e do seu governante. Assim, passamos pelos seguintes processos: (a) identificar a ocorrência cíclica; (b) mostrar a possibilidade e a realidade da sua ocorrência; e, (c) deixar claro para a sociedade que o ciclo tem início, meio e fim.

Por isso, a identificação de ciclos na Astrologia Mundial não é nada fácil e os resultados dos estudos são de grande complexidade e profundidade. A análise depende muito do intérprete (que, neste caso, é o astrólogo), de seu conhecimento técnico, histórico entre outros que vão além da astrologia. 

Neste momento bem conturbado, aceitamos o desafio de abrir a discussão a respeito da invasão russa no território ucraniano (tendo como base os aspectos astrológicos que atingem principalmente o mapa astrológico da Rússia), com foco na repetição cíclica que identificamos nesse artigo.

Abordaremos aqui o ciclo de Urano e de Netuno, além de mencionar os eclipses. Não abordaremos os demais ciclos entre os diversos planetas, além de lunações e trânsitos. Tentaremos fazer isso futuramente aplicando o Índice Cíclico de Gouchon-Barbault[1]

Seguiremos, assim, com a avaliação dos ciclos aqui mencionados iniciando pela apresentação dos fatos históricos.

  • Um breve relato histórico da Rússia, Ucrânia e da Criméia.

Antes de iniciar o estudo astrológico do conflito, é importante termos as bases históricas dos países envolvidos. Não somos historiadores, mas devemos usar a história para demonstrar os eventos importantes para a construção dos ciclos.

No século XIII, com a evolução da região e dos estados eslavos orientais, houve a formação de uma nação conhecida como Rus Kievana (quando a Rússia e a Ucrânia não possuíam fronteiras), a antecessora da Rússia e Ucrânia modernas. O Rus abrangia uma grande área que se espalhava por toda Belarus, o Centro e o Noroeste da Rússia europeia e a metade setentrional da Ucrânia, motivo pelo qual todos esses três países reivindicam a Rus Kievana como as origens do seu Estado (BUSHKOVITCH, 2014, p. 25)[2].

Com a invasão do povo mongol de 1240[3], ocorreu a desintegração do Rus de Kiev. O domínio mongol permaneceu até 1480[4], quando Ivan III, o Grande, expulsou definitivamente os mongóis, derrotando Khan Akhmed, mediante aliança com o Reino da Crimeia[5]. Daí nasceu o processo de expansão territorial russo.

Em 1648[6], o Estado cossaco (parte do território ucraniano), precisou do apoio de Moscou para conter os crescentes contra-ataques aos cossacos pelo povo polaco-lituano. A Rússia apoiou, pois tinha interesses claros no território da Ucrânia (sua política expansionista para manter sua influência a oeste[7]). 

O conflito só teve fim com o Tratado de Pereyaslav, de 1654[8]. O tratado, contudo, não atendeu todas as demandas dos cossacos, principalmente no tocante à autonomia perante a Rússia[9] e, conforme adverte Ribeiro, durante o reinado de Catarina, a Grande, entre 1762-1796, que o processo de expansão do Império Russo para as terras ucranianas alcançou seu apogeu: Catarina ampliou o império a oeste, repartindo a Polônia com a Prússia e a Áustria, “o que colocou quase todo o território ucraniano e a integralidade de Belarus nas mãos da Rússia” (ADAM, 2008, p. 30)[10].  

Mantendo a política expansionista, em novembro de 1853, o Império Russo sob o comando de Nicolau I, atacou o Império Otomano[11], massacrando a armada turca na Batalha de Sinope, provocando uma comoção na França e no Reino Unido, que temiam a projeção da Rússia no Oriente Médio e no Mediterrâneo Oriental (Idem, p. 80). A Guerra da Crimeia iniciou-se em 5 de outubro de 1853, no sul da Rússia e nos Bálcãs. Segundo Hendler e Novelli[12], a Guerra da Crimeia foi um dos acontecimentos mais importantes do século XIX. Ela gerou transformações econômicas, políticas, militares e sociais, repercutidas no mundo inteiro. 

O cerco de Sebastopol – pintura de Franz Roubaud – 1904

Em 30 de março de 1856, com a assinatura do Tratado de Paris de 1856 e a derrota do Império Russo contra as forças otomanas, inglesas e francesas, terminou a guerra. Os efeitos da Guerra da Criméia e a autocracia dos czares russos, deu ensejo aos movimentos sociais e políticos na Rússia, que culminaram nas Revoluções de 1917 (conhecida também como Bolchevique), e no desejo de autonomia ucraniana. Em 1922, com o surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a Ucrânia tornou-se uma República Soviética.

A Crimeia também foi palco de disputas. A península tornou-se uma república autônoma dentro da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi ocupada por alemães, romenos e italianos. Foram três anos de ocupação – entre 1941 e 1944, com o objetivo de deter as rotas para o Cáucaso e da costa norte do Mar Negro. O território foi retomado em 1944[13], sendo anexado pela República Socialista Soviética, mas agora, parte da Ucrânia.

Com a dissolução da União Soviética em 1991, a Rússia se viu sem uma parte estrategicamente importante do seu território com a independência da Ucrânia (e Crimeia), dentre outros países. Desde a dissolução da União Soviética em 26/12/1991, a Rússia e a Ucrânia vêm travando disputas que culminou na recente anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, antes território autônomo pertencente à Ucrânia. 

Sobre isso, o professor de História Angelo Segrillo, em entrevista para o Jornal da USP (https://jornal.usp.br/atualidades/guerra-pela-peninsula-da-crimeia-e-improvavel-mas-tensao-deve-perdurar/), comentou que: a península da Crimeia fez parte da Rússia até 1954, quando Nikita Khrushchov, primeiro-ministro da então União Soviética, transferiu a região para a Ucrânia. (…) No final de 2013, a população pró-Ucrânia, através de uma série de protestos contra a influência russa no país, derrubou o governo de Viktor Yanukovich, que tinha o apoio da população pró-Rússia e de Putin. Em 2014, foi estabelecido um governo provisório, reconhecido pelos EUA. A situação gerou uma crise política e social, com disputas entre os apoiadores da Rússia e os apoiadores da Ucrânia. (…) os interesses russos e ucranianos na Crimeia se devem principalmente a uma questão estratégica. (…) No caso dos EUA, o interesse é geopolítico, com a possibilidade de exercer influência em uma região que faz fronteira com a Rússia, um de seus antagonistas.

Victoria Helena Guimarães, no seu trabalho de conclusão de curso de Relações Internacionais, demonstra a forte ligação entre os povos envolvidos neste conflito[14]: com a dissolução da URSS, em 1991, a Crimeia tornou-se uma república autônoma dentro Ucrânia. (…) Conforme Lunkes e Pinto (2014), em 16 de março de 2014, realizou-se uma votação na Crimeia para que seus habitantes pudessem escolher se preferiam pertencer à Rússia ou continuar na Ucrânia, o que mostra o forte enraizamento histórico-cultural do leste ucraniano à Rússia. 

Assim, após a Revolução Ucraniana no final de 2013 (Euromaidan[15] ou Primavera Ucraniana), houve a anexação da Crimeia pela Rússia, por meio da assinatura do acordo intergovernamental em 18 de março de 2014 (apesar da Ucrânia não reconhecer a legitimidade desse processo).

Desde então o conflito e as tensões entre os países não terminaram. Até que, em 24/02/2022, o presidente Vladimir Putin anunciou a invasão à Ucrânia. Nenhum país se moveu para fornecer militares à Ucrânia, com receio de uma escalada do conflito. Com isso, até hoje quando finalizamos esse artigo, em 05/03/2022, a situação continua piorando, apesar de algumas tentativas de cessar-fogo e de negociações infrutíferas entre os países.

Feita essa introdução histórica, fica claro que as disputas entre essas nações vai além da história recente do fim da URSS. Remonta, na verdade, à origem dos povos e vem se transformando pelo menos uma a duas vezes por século, acompanhando os trânsitos planetários dos planetas mais lentos.

Fica claro também que a questão geopolítica está sempre em transformação, com o uso do poder (Plutão). Mas teríamos alguma outra força planetária por trás dessas mudanças? É isso que pretendemos analisar no item a seguir.

  • Da análise sob o aspecto da Astrologia Mundial – há um padrão entre esses eventos?

Inicialmente é importante uma advertência de que, tanto na Astrologia Mundial quanto na Astrologia Individual, os planetas não causam os fatos. Eles, na verdade, nos afetam e, com isso, de uma forma bem simplista de explicar, agimos diante as suas interferências. Uns mais, outros menos. 

Com base no relato histórico, podemos separar algumas datas entre aquelas que a Rússia teve uma derrota, e as que a Rússia logrou êxito nas suas conquistas.

No quadro abaixo, listamos os eventos históricos onde a Rússia passou por crises:

Ano Fato Aspectos entre os planetas lentos Eclipses na região 

(Ucrânia e Rússia)

1856 Derrota na Guerra da Criméia Conjunção – Netuno e Júpiter (Peixes) Sem eclipses na região
1917 Revolução Russa Conjunção – Netuno e Saturno (Leão) 23/01/1917 e 19/06/1917 – Eclipse Solar Parcial
1991 Dissolução da URSS Conjunção – Netuno e Urano (Capricórnio) Sem eclipses na região

 

Podemos perceber que nos três eventos levantados, tivemos sempre a presença de Netuno em conjunção com algum planeta lento. E quando Netuno estava em Peixes (1856), a Rússia teve um revés na guerra.

Netuno, regente do signo de Peixes, pode causar ou implicar nas variadas (des)ilusões de um povo, quanto aos fatores da nação (aqui podemos citar os fatores políticos, econômicos, territoriais, estatais, regionais, produtivos, sociais e espirituais).

Os ideais nascidos dali, movimentaram todas as erupções sociais ocorridas no país. Houve um avanço significativo nos anseios do povo que buscou expandir seus direitos e suas conquistas levando até à Revolução Bolchevique.

No eventos de expansão da Rússia tivemos as seguintes formações planetárias:

Ano Fato Aspectos entre os planetas lentos Eclipses na região 

(Ucrânia e Rússia)

1798 Invasão à Ucrânia Quadratura – Urano (Virgem) e Saturno (Gêmeos) (1796);

Oposição – Urano (Virgem) e Júpiter (Peixes) (1797)

Sem eclipses na região
1853 Guerra da Criméia Tripla Conjunção – Saturno (Touro), Urano (Touro) e Plutão (Áries) (1852) 11/12/1852 – Eclipse Solar Total
2014 Revolução Ucraniana, Queda do Presidente da Ucrânia e Anexação da Crimeia Quadratura – Urano (Áries) e Plutão (Capricórnio);

Oposição – Júpiter (Escorpião) e Plutão (Capricórnio)

Sem eclipses na região
2022 Invasão à Ucrânia Quadratura – Saturno (Aquário) e Urano (Touro) 10/06/2021 – Eclipse Solar Anular

 

Nestes momentos de busca de expansão pela Rússia, temos sempre a presença de Urano travando um aspecto difícil com um dos planetas lentos.

Assim, podemos observar esses dois padrões em relação aos momentos selecionados para esse artigo:

  • Nas épocas difíceis, há a presença de Netuno em alguns dos aspectos, levando ao povo, durante e logo após essa época, a imprimir alterações significativas no país.
  • No momento do desejo de expansão social ou territorial, há a presença de um aspecto tenso com Urano.

Netuno pode ser interpretado pelas marcas do inconsciente coletivo e pelo humanismo existente na população. Quando há eclipse, como no caso da Revolução Russa de 1917, o resultado nascido da força de Netuno pode não ser bom para o governo, considerando a natureza do planeta e o efeito do eclipse já conhecido pela Astrologia Mundial. Assim, podemos ter surpresas quando do eclipse pós conjunção entre Netuno e Júpiter em abril deste ano. 

Já Urano é entendido pela força revolucionária tendente a mudança de um status quo indesejável. Essas forças podem vir de qualquer ponto. Nos eventos que selecionamos para esse artigo, os eventos nasceram do desejo do Estado e culminaram na evolução tecnológica e alteração na geopolítica.

 

  • A vontade dos deuses.

Feita a análise dos acontecimentos históricos, queremos aprofundar em um aspecto interessante que acaba mostrando um mecanismo de funcionamento cíclico da Rússia. 

Na Guerra da Criméia de 1853-1856, como vimos, tivemos a conjunção entre Urano e Plutão em Áries. Para analisar esse aspecto, usamos o mapa na data do início da conjunção que estava em Áries no ano de 1850. (a cidade é Saint Petersburg que foi a capital do Império Russo durante mais de dois séculos (1712-1918)):

No mapa vemos que a conjunção ocorreu na Casa 1 e no grau 29 de Áries. Urano em Áries possui uma força inovadora relevante. Ligado à tecnologia e à revolução, Urano busca aperfeiçoar os campos de sua atuação e, estando em Áries, recebe essa força, integrando-a ao contexto da guerra.

Segundo Tarnas[16] (tradução livre): este foi o mesmo período em que convulsões semelhantes ocorreram na China (as rebeliões quase simultâneas de Taiping e Nian), no Japão (o desmantelamento revolucionário da ordem social Tokugawa há muito estabelecida com a abertura forçada para o Ocidente), na Índia (o intensas incursões britânicas que levaram ao motim sipaio) e o Império Otomano (catalisado pela Guerra da Criméia): um notável agrupamento de eventos em menos de uma década quando repentinas “revoltas de cima ou de baixo”, nas palavras do historiador William McNeill, “simbolizou o colapso irremediável da ordem tradicional de cada uma das grandes civilizações asiáticas” e transformou permanentemente o ecúmeno global. (…) De fato, não parece exagero dizer que, na década de 1850, o equilíbrio cultural fundamental [Europa, Oriente Médio, China, Índia], que havia sustentado há mais de dois mil anos, finalmente acabou. Em vez de quatro (com o Japão, cinco) civilizações autônomas, embora interconectadas, um cosmopolitismo fermentado, meio informe, mas genuinamente global, começou a emergir como a realidade dominante da comunidade humana.

Assim, a conjunção de Urano e Plutão proporcionou bases para o início de uma alteração profunda na população mundial e, na Rússia, criou bases mais tarde para a Revolução Bolchevique. 

Além disso, a conjunção entre Urano e Plutão inicia também processo de revolução literária, cultural e científica[17], ou seja, de pensamento. Como explica Hendler e Novelli[18]: a Guerra da Crimeia abriu um período de conflitos de média intensidade em diversos pontos do mundo: a Guerra de Secessão nos Estados Unidos, a Guerra do Paraguai na América do Sul e as guerras de unificação alemã e italiana. Em maior ou menor escala, esses episódios tiveram o uso de inovações tecnológicas proporcionadas pela evolução do capitalismo: telégrafo, ferrovias, navios à vapor, cobertura da imprensa com câmeras fotográficas, o uso de fuzis e metralhadoras, armas de cerco com maior poder de destruição, etc.

Desta forma, a guerra serviu ao propósito de Urano ao elevar o grau tecnológico daquele momento histórico. Para Urano “os fins justificaram os meios.” Como Urano estava em Áries, não poderia ser menos violento do que foi. Também para Barbault[19], a conjunção em 1851 (juntamente com Saturno), marcou o início da globalização européia que, na conjunção seguinte (1962), marcou o seu declínio. 

O efeito revolucionário de Urano, atingido pelo poder de transformação de Plutão, também foi decisivo na reorganização geopolítica do Mundo naquela época e ao nascimento de vários movimentos revolucionários que dariam ensejo aos movimentos populares que acompanhamos no início do século XX. Essas mudanças drásticas e forçadas[20], construíram os fundamentos sociais atuais e, com isso, forneceram uma importante informação à Astrologia Mundial, sobre os aspectos entre esses dois planetas. Seria o início de uma nova reorganização geopolítica mundial? Qual será o papel da China nesse contexto?

Lembramos que tivemos a onda de manifestações e de agitação civil na Ucrânia, denominada Euromaidan, que iniciou na noite de 21 de novembro de 2013, e que pedia maior integração do país com a União Europeia. 

Nesta data, Urano estava novamente em Áries e Plutão estava em Capricórnio.

Acompanhamos hoje nos noticiários o desespero do povo ucraniano com a invasão da Rússia. Além de revoltar o mundo, há revoltas e manifestações ocorrendo no próprio território russo. 

Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP

Portanto, o que está por trás dessa quadratura entre Urano e Plutão e o que os deuses desejam para o futuro próximo?

  • Uma breve análise dos mapas de Nikolai I, Putin e Biden.

 

Em 1853, o então imperador da Rússia, Nikolai I[21], canceriano de Casa 1, com Ascendente em Câncer, subestimou, nas palavras dos historiadores, o poderio dos seus inimigos. Naquela época, o Império Russo não contou com a aliança que se formou na Europa diante os aspectos estratégicos territoriais, caso o Império Russo vencesse. 

A Rússia, sob o comando de Vladimir Putin, é mais precisa no seu ataque. Na anexação da Criméia não precisou de armamento militar e utilizou o poder sobre o Governo da Criméia (utilizou o Plebiscito como forma de justificar a anexação). Houve uma grande demonstração de poder do Governo Russo (Plutão em Capricórnio). Ademais, a Rússia se utiliza de ciberataques e tecnologia de ponta para conter as forças ucranianas, marcas de Urano[22].

Aqui é importante lembrar que um dos mapas indicados de Vladimir Putin, mostra que ele possui ascendente em Escorpião, Sol em Libra e uma quadratura de Júpiter ao regente de seu ascendente (Plutão, que está na Casa 10, ou seja, angular, exaltado em Leão)[23]. Para mais informações sobre o mapa astrológico de Putin, recomendamos a leitura do artigo de Fernando Fernandse[24].

Putin na assinatura do documento de adesão da península da Criméia à Rússia, em 18 de março de 2014, no Kremlin, em Moscou. (GETTY IMAGES)

Nikolai I, não detinha uma configuração astrológica favorável e, possivelmente, agiu muito por emoção em nome do Império (Sol e ASC em Câncer). Seu interesse era bem distinto ao de Putin. Conforme detalha Hendler e Novelli[25]: centralizando o poder do Império Russo em suas mãos, ao longo de seu reinado (1825-1855) o Czar Nicolau I se dedicou a conter os crescentes movimentos revolucionários que se espalhavam pela Europa. Sob seu comando, a Rússia recebeu a alcunha de “polícia da Europa”, papel que foi fortificado após os acontecimentos revolucionários dos anos de 1848 e 1849. Ou seja, as marcas cancerianas de quem busca manter a segurança do ambiente, que naquela época, estava bem instável por conta das revoluções que ocorriam na Europa.

Hoje, a batalha é psicológica, estrategista e tecnológica. Joe Biden[26], escorpiano com ASC em Sagitário com Saturno em oposição, tomará cuidado e medirá cada passo e só moverá suas peças após Putin. Assim, tudo tende a ser demorado, desgastante e no limiar de uma grande alteração dos rumos. Mas a tendência é de solução (pelo menos entendemos dessa forma), a não ser que se arraste até outubro deste ano. Se isso acontecer, podemos ter uma piora no cenário por força do eclipse de 25/10/2022.

 

  • A conjunção Júpiter e Netuno em Peixes de 2022.

Todos os astrólogos aguardam a conjunção que teremos entre Netuno e Júpiter neste ano. O ciclo de Netuno e Júpiter é de 13 anos. Mas a conjunção leva aproximadamente 166 anos para retornar no mesmo ponto na eclíptica (ou no mesmo signo).

A última vez que isso aconteceu (exatamente), foi em 17 de março de 1856, aos 18º de Peixes, quando ocorreu a assinatura, em 30 de março de 1856, no Congresso de Paris, do Tratado de Paris que pôs fim à Guerra da Criméia. Desta vez teremos a conjunção exata iniciando no dia 12 de abril de 2022, neste mesmo signo.

Tudo indica, conforme o histórico cíclico apresentado, que essa conjunção poderá ajudar na resolução do conflito ou, pelo menos, amenizá-la. Mesmo quando a conjunção ocorreu em outros signos, como nos anos de 2009, 1997 ou 1984, essa conjunção proporcionou avanços sociais (diretos ou reflexos do avanço de outras áreas como econômica, política, jurídica etc.).

Netuno em conjunção com Júpiter pode diluir ou ajudar a reduzir a tensão. É claro que, tudo dependerá das pessoas envolvidas, ou seja, os governantes dos respectivos países. Pelo mapa astrológico de Putin, nada leva a crer que ele tomará decisões não estratégicas. Seu Escorpião no Ascendente e o regente deste no Meio do Céu, buscará uma saída inteligente como os exímios jogadores de xadrez daquele país.

 

  • O eclipse solar de 25/10/2022.

No dia 25/10/2022, às 12:24, Moscou será atingido por um eclipse solar. 

(https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-october-25)

O mapa astrológico da Rússia mostra o eclipse atingindo a cúspide da Casa 04, no segundo grau de Escorpião (primeiro decanato). Assim, conforme a literatura astrológica, há a possibilidade de desestabilizar ou criar dificuldades para o governo e para o bem-estar da nação. O povo sofrerá de alguma forma, tanto nas classes mais baixas, quanto nas mais altas. Lembramos ainda que esse efeito durará por, pelo menos, seis meses.

Diante disso, caso as questões pós-invasão da Rússia sobre a Ucrânia não sejam amenizadas pela conjunção Júpiter-Netuno, esse eclipse tem a força de complicar a situação da guerra, além de aumentar a crise no governo e o sofrimento da população russa.

Eclipses em signos fixos têm tendência a produzir efeitos mais duradouros e com muita mortalidade de pessoas. No momento atual, essa previsão não é muito entusiasmante. Em Escorpião, especialmente no primeiro decanato, podemos ter guerras, tumultos e traição. Isso pode ocorrer principalmente dentro do território russo, como estamos percebendo na crescente escalada de manifestações e protestos.

Assim, vamos acompanhar o desfecho dessa invasão, torcendo para que as partes resolvam o conflito o mais rápido possível (antes do eclipse), e de forma a preservar as vidas.

Mas não podemos deixar de considerar que o governo russo, invariavelmente, poderá ter grandes problemas a enfrentar no futuro, problemas esses já percebidos pela comunidade internacional, quanto aos conflitos internos frequentemente e recentemente ocorridos em seu território.

Por fim, no mapa natal de Putin, o eclipse atingirá seu Ascendente. Será um grande desafio pessoal e isso poderá ser um grande indício de problemas no governo.

 

  • Conclusão.

Quero iniciar a conclusão com a advertência da astróloga Maria Eunice Sousa[27]: quando começa um evento? Difícil dizer, porque, em tudo o que fazemos, há uma cadeia causal conectando o que veio antes ao que ocorre depois. Nada no mundo acontece, nem dentro, nem fora de nós, sem estar conectado com as decisões e escolhas anteriores ao momento presente. Então, quando um “evento” acontece, ele ocorre no topo de uma cadeia de eventos e experiências anteriores a ele. Podemos ver que as condições astrológicas dos líderes e dos países, ajudaram a constituir o cenário mundial. No caso dos líderes, temos condições técnicas astrológicas que fundamentam o modus operandi tanto na Guerra da Criméia, quanto na atual invasão Russa na Ucrânia.

Além disso, a história entre esses dois países nos mostrou também a complexidade e a profundidade existente entre eles e como estão intimamente conectados. Como os acontecimentos existem em grandes ciclos, às vezes com a diferença de mais de 100 anos, nós deixamos de dar atenção aos inúmeros acontecimentos, selecionando os mais relevantes para o nosso objetivo, para não tornar esse artigo demasiadamente cansativo e detalhista. No entanto, a avaliação de um acontecimento de forma isolada, deixa de conter detalhes importantes de fundamentação. Mas fizemos assumindo o risco.

Diante disso, analisando a situação atual, vemos que as ações da Rússia iniciaram sempre quando Urano fez um aspecto difícil com outro planeta lento e a solução se deu quando Netuno entrou em conjunção com um planeta lento.

A conjunção de Júpiter e Netuno em abril de 2022 pode ser um indício que o conflito externo poderá cessar. Mas como observado das outras vezes, as conjunções de Netuno provocaram mudanças radicais internas para o povo e a nação russa.

Tudo isso somado ao eclipse solar parcial de 25 de outubro de 2022, nos impõe a observação sobre o que irá acontecer naquele país até o final deste ano.

Portanto, vamos observar os próximos acontecimentos para confirmar o padrão cíclico aqui lançado, avaliando os efeitos da conjunção de Júpiter-Netuno e a ocorrência do eclipse solar em 25/10/2022, ou seja: se acontecerá, ou não, uma (r)evolução popular na Rússia em breve?

 

________________
[1]
* Este artigo do site Constelar explica como funciona este Índice: https://constelar.com.br/astrologia-mundial/previsoes/indice-ciclico-a-tempestade/
[2]
* Ribeiro, Renata Corrêa. As relações da Rússia com a Ucrânia e a Moldávia: uma perspectiva comparada da política externa russa para a Crimeia e a Transnístria. site: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21286, p. 39/40.
[3]
* Na época estávamos passando por uma quadratura entre Urano (Capricórnio) e Plutão (Libra) – 1236 a 1239.
[4]
* Aqui tivemos uma conjunção entre Netuno e Urano em Escorpião.
[5]
* RIBEIRO, p. 44.
[6]
* Neste momento, passávamos por uma oposição de Urano (Sagitário) e Plutão (Libra), de 1648 a 1649.
[7]
* RIBEIRO, p. 45.
[8]
* Em 1650, Netuno fez conjunção com Urano em Sagitário.
[9]
* RIBEIRO, p. 46.
[10]
* RIBEIRO,p. 50.
[11]
* HENDLER, Bruno; NOVELLI, Douglas. A GUERRA DA CRIMEIA, O CZAR NICOLAU I E A SOCIEDADE INTERNACIONAL DO SÉCULO XIX: UMA RELEITURA A PARTIR DAS ESCOLAS FRANCESA E INGLESA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Relações Internacionais no Mundo Atual, [S.l.], v. 1, n. 19, p. 8-44, jan. 2016. ISSN 2316-2880. Disponível em: <http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RIMA/article/view/2227/1400>. Acesso em: 19 fev. 2022. doi:http://dx.doi.org/10.21902/Revrima.v1i21.2227. p. 35-36.
[12]
* HENDLER, p. 10.
[13]
* RIBEIRO, p. 61.
[14]
* O jogo da anexação da Crimeia: o conflito ucraniano sob a ótica da teoria dos jogos.” 2016, http://hdl.handle.net/11624/1383
[15]
* A Euromaidan foi um processo significativo para os ucranianos. Lembramos que, no aspecto astrológico, Saturno transitava pela cúspide da 10ª Casa nesta época. Nas palavras de Raphael, Saturno na décima casa: is an evil position, for it denotes disgrace, disasters, and many misfortunes and troubles to Royalty, the Government, prominent people, and those in Authority. Deaths of eminent people, illness and death among Royalty, especially if Saturn afflicts the Sun. (Mundane Astrology, p. 168-169.) Cabe relembrar que o presidente da Ucrânia fugiu do país e mais de 100 pessoas morreram em conflito com as forças policiais de Kiev.
[16]
* Tarnas, Richard. Cosmos and Psyche. Penguin Publishing Group. Edição do Kindle, p. 146.
[17]
* TARNAS, p. 177/178
[18]
* HENDLER, p. 39-40.
[19]
* Barbault, André. Planetary Cycles – Mundane Astrology. Editorial: The Astrological Association, 2016, p. 124.
[20]
* MATTOS, Marcia Russo de; BUENO, Ciça. Os grandes ciclos planetários e seus efeitos individuais e coletivos. Rio de Janeiro: M. R. Mattos Astrologia, 2020, p. 215.
[21]
* Mapa natal astrológico de Nikolai I – https://www.astro.com/cgi/chart.cgi?wgid=wgeJxlT8sOgjAQ_BoTTTakFArBpicORg8eUON5CRUrLZgWQvDrLWqiiZfJzM4-ZkfVKEF5bQSGvK3EXjWdRrWgZAv5A60n3cVDMTinEAxQBgmEaZYAidYxAxMR6Ws31EDg6NC6ppuknzhI3UFxgrfPsjaOYACaRnSGEAjHqmzRSPF_x5OfIHNjhb0UlHm5G9p5_RzhpXSQow48XX709HVrK-tgxct-uvsnTX8V2I_cOhGeN0_kxkjv
[22]
* Acessado em 05/03/2022: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2022/03/01/ucrania-sofreu-ciberataque-horas-antes-da-invasao-russa-diz-microsoft.ghtml
[23]
* Mapa natal astrológico de Vladimir Putin – https://www.astro.com/cgi/chart.cgi?wgid=wgeJw1jkEKwjAURE_jbpCkNbQ1ZO3SoqjrHxPaoImS_lC8va3gcubBvJnDI5hKD9GQ1MmZvnBIuD7JhRgyIhpIAdmpCqLb1wJj7THQBIEzb3vPPk-25AGnC2rhZQvVJaVQltRIyF2rIDQ5myh689_dVOInWoEj9qZZmuOdX9avbNVpy5_38izyaIhnnScjb4cvZh82EQ
[24]
* https://constelar.com.br/astrologia-aplicada/personalidades/vladimir-putin/
[25]
* HENDLER, p. 22.
[26]
* https://www.astro.com/astro-databank/Biden,_Joe
[27]
* https://constelar.com.br/astrologia-mundial/previsoes/petropolis-eclipses-e-lunacoes/